quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ser-se aficionado

Caros amigos,

Pelo pó da arena vos falo.
Dado que este blog é ainda muito recente, esta é uma fase de recolha de opiniões relativas à iniciativa, mais do que até ao conteúdo dos posts, visto que ainda não são muitos. Há dias, um amigo, depois de ser por mim questionado acerca do blog, respondeu que "achava muita piada", mas que tanto o circo como a tourada lhe eram"indiferentes".
Ora, evidentemente que o respeito pelas opiniões alheias deve ser sempre um princípio, em qualquer situação.
Mas é exactamente essa indiferença que nos move. Mais concretamente no que se refere à tourada, uma tradição tão antiga, tao procurada pelos portugueses (ao contrário do que por aí se diz), merece muito mais do que indiferença. Irrita-me que as gerações mais novas não se interessem e muitas das vezes nem conheçam um espectáculo tão nobre, tão antigo, tão nosso.
Nem toda a gente é obrigada a ser aficionada, ou sequer a gostar. Mas, ser-se indiferente?Secundarizar este aspecto tão maracante da identidade portuguesa?
Ignorar as 8000 pessoas que vão todas as quintas ao Campo Pequeno?E não só no Campo Pequeno. Todo o país, à sua maneira vive a tourada, tem a sua afición.
É importante mantermo-nos portugueses. Orgulharmo-nos do que somos, do que sempre fomos. E antiguidade não significa falta de progresso, como muitos querem vender.Aliás, acabar-se com as touradas, nunca seria sinónimo de progresso ou modernidade.Seria sim, um desrespeito cabal pela nossa história, pelas pessoas, pelo toiro que tanto defendem, mas não entendem patavina do que ele ali está a fazer nem de como ali foi parar.
Eu vou à praça ver o rei da festa. Vou à praça ver o toiro, vou sentir o pó da arena.

4 comentários:

  1. Se isto fosse só em relação às touradas, ao circo, até diria que isto não te causasse tanta revolta.
    O problema é que, por mais tempo que dispendas, neste caso, com a questão da tourada, nada vai mudar. Infelizmente! E sabes porquê? Porque é tudo indiferente a toda a gente..
    Paciência!
    Mesmo assim, mantenhamos luzes acesas.
    Pode ser que haja alguém que não feche os olhos à tua "luz", à "luz" do Gonçalo.
    Sempre convosco,
    Teresa

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  2. Cara Pavoa,

    Permite-me discordar num ponto:
    Somos nós que temos de fazer essa indiferença acabar, pelo menos diminuí-la. E, modéstia à parte, haver dois jovens como eu e o Gonçalo a defender desta forma o circo e a tourada, já é um bom sinal.
    Esperemos que consigamos mudar algumas mentalidades. Ou, pelo menos moderá-las.

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  3. Querida Carolina,

    Dentro do capítulo “Respeito pelas opiniões alheias”, que acabas de abrir, apraz-me opinar o seguinte:
    Com alguma relutância concordo contigo… de facto, cada um tem direito às suas opiniões, mas também é livre de ser indiferente àquilo que muito bem entende.
    Porque é que me hão-de querer levar pelo braço, juntos, a exprimir uma opinião sobre um assunto acerca do qual não quero ter opinião? Estou no meu direito? Ou não?

    A indiferença pelas tradições não me irrita de todo. Não sendo eu amante da tourada nas suas múltiplas facetas, acho alguma graça à nossa, que muito pouco se relaciona com a que se pratica nos países hispânicos, à excepção do bovino solto na arena e dos demais bovinos exultando nas bancadas.

    No que diz respeito ao circo, então a indiferença atinge a exorbitância. Não vou ao circo desde as calendas gregas, não nego porém a magia e excitação que despertava em mim na primeira infância. Todavia, a realidade inerente a ambos os espectáculos é-me hoje perfeitamente indiferente!

    Contudo, não me é indiferente o facto das “gerações mais novas” acreditarem que:

    Luís Vaz foi o primeiro Rei de Portugal que arriava na mãe;

    Vasco da Gama foi o bacano brasileiro (aquele que joga contra o Botafogo) que mandou fazer a ponte sobre o Tejo;

    Afonso Henriques é o fundador do Vitória de Guimarães;

    João XXI foi o senhor que abriu a casa de hambúrgueres no estádio do Sporting;

    Gil Vicente era uma equipa que antigamente jogava na primeira liga;

    em 1755 foi a restauração da independência;

    no 5 de Outubro se festeja o 25 de Abril;

    o General Eanes é um rapper da Cova da Moura;

    Padre António Vieira seja um sacana pedófilo que fugiu para o Brasil e esteja a morar com o padre Frederico;

    Fernando Pessoa seja o “Man da cadeira do Chiado”.

    Isto para transcrever apenas algumas das alarvidades que já ouvi! Dito isto, falar sobre a indiferença dos jovens no que diz respeito à Tourada e ao Circo… Enfim… Ao menos há “gerações mais novas” com opiniões.

    Merece-me o “respeito pelas opiniões alheias”!

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  4. Caro Duque D'Ávila,

    Antes de mais, muito obrigada por um comentário tão cosntrutivo e por reconhecer o nosso esforço com esta iniciativa.
    Mas, se me permite, não condeno quem não tem opinião. Condeno quem pura e simplesmente não reconhece valor a símbolos tão portugueses, especialmente a tourada, e que sem qualquer legitimidade, critica aquilo que totalmente desconhece.
    Claro que Portugal e a nossa história não se resumem à cultura, à tourada. Gostei particularemente da sua ilustração das "gerações mais novas" em jeito de comédia. Pena aquilo que podia ser uma brincadeira, ser realmente verdade. Apenas falei no que respeita à tourada, dado que é disso que aqui se trata, embora partilhe daquilo que disse. Talvez explore mais a questão num outro blog.
    Ainda assim muito obrigada pelo comentário.Espero que possamos debater mais vezes.

    Com os melhores cumprimentos,

    Carolina Ferreira

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